28.5.12

D. Pedro IV e D. Maria II


De D. João VI a D. Maria II e as Lutas Liberais – alguns dados

D. João VI, 1816 – 1826
D. João VI (1767-1826) e D. Carlota Joaquina de Bourbon
Em 1792 o príncipe do Brasil assumiu o poder, passando a despachar os decretos em seu nome, devido a doença mental da mãe, D. Maria I; a partir de 1799 surge como regente, o Príncipe-regente D. João; em 1815, após ter elevado o Brasil a reino soberano unido a Portugal, com o título príncipe real – do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves –; em 1816 rei D. João VI e, com o reconhecimento da independência do Brasil, pelo tratado do Rio de Janeiro de 1825, rei de Portugal e imperador titular do Brasil.

Regência de D. Isabel Maria, Março de 1826 – Fevereiro de 1828
D. Isabel Maria, Infanta Regente (1801-1876), presidiu ao Conselho de Regência desde a morte do pai, D. João VI (que nomeou a referida Regência pouco antes de morrer), em Março de 1826 (confirmada como regente por D. Pedro IV e D. Maria II, que se encontravam no Brasil) até à regência de D. Miguel em Fevereiro de 1828.

D. Pedro IV, 1826
D. Pedro IV (1798-1834) e D. Leopoldina de Áustria
D. Pedro foi reconhecido como legítimo herdeiro pela regência, presidida por D. Isabel Maria, Infanta Regente. D. Pedro outorgou a Portugal uma Carta Constitucional e abdicou a coroa portuguesa na filha Maria da Glória (Maio de 1826), com a condição de Portugal jurar a Carta (que se cumpriu em Julho) e de a indigitada rainha se casar com o tio, o infante D. Miguel, que seria regente do reino até a mulher completar 18 anos.

D. Maria II, Maio de 1826 – 1853 e D. Fernando II, 1837 – 1853
Regência, 1826-1834: D. Isabel Maria; D. Miguel; marquês de Palmela; D. Pedro IV. Em 1837 nasce o príncipe real D. Pedro, filho primogénito de D. Maria II e de D. Fernando de Saxe-Coburgo-Gotha.

D. Miguel I, 1828 – 1834
Regente de Fevereiro a Julho de 1828; realeza efectiva, Julho de 1828-1832; soberania limitada, 1832-Maio de 1834.

Guerras Liberais, 1832 – 1834
A guerra civil iniciou-se em Julho de 1832, com o desembarque do Mindelo, ou seja, o desembarque a norte do Porto das tropas liberais de D. Pedro, duque de Bragança (Pedro IV), às quais se juntaram muitos liberais, que conspiravam no país e no estrangeiro. Após dois anos de lutas intensas, a guerra civil termina em Maio de 1834 com a Convenção de Évora-Monte.

D. Pedro V, 1853 – 1861
D. Pedro V (1837-1861) e D. Estefânia de Hohenzollern-Sigmaringen
Regência de D. Fernando II, 1853-1855.

D. Luís I, 1861 – 1889
D. Luís I (1838-1889) e D. Maria Pia de Sabóia

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D. Pedro IV (1798-1834, rei em 1826 e imperador do Brasil de 1822 a 1831, duque de Bragança após a abdicação do trono imperial do Brasil) casou em 1817 com D. Leopoldina de Áustria (1797-1826, Imperatriz do Brasil e Rainha de Portugal) e tiveram os seguintes filhos:

  • D. Maria II (D. Maria da Glória; Rio de Janeiro, 4 de Abril de 1819 - Lisboa, 15 de Novembro de 1853), casou em 1835 com Augusto de Beauharnais, duque de Leuchtenberg e em 1836 com Fernando de Saxe-Coburgo-Gotha, rei Fernando II em 1837.

  • D. João Carlos (1821-1822)

  • D. Januária (1822-1901), casou em 1844 com Luís Carlos de Bourbon e Duas Sicílias (filho de Francisco I, rei das Duas Sicílias)

  • D. Paula Mariana (1823-1833)

  • D. Francisca Carolina (1824-1898), casou em 1843 com Francisco Fernando de Orleães, príncipe de Joinville, filho do rei Luís Filipe I de França

  • D. Pedro II do Brasil (1825-1891), segundo imperador do Brasil (de 1831 a 1889), casou em 1842 com Teresa Cristina de Bourbon e Duas Sicílias (irmã de Luís Carlos e filha de Francisco I das Duas Sicílias).

A arquiduquesa D. Leopoldina de Áustria (1797-1826) era filha de Francisco I, último sacro imperador romano-germânico e primeiro imperador da Áustria, e da sua segunda mulher, Maria Teresa de Nápoles. A irmã Maria Luísa de Áustria foi, em 1810, segunda mulher de Napoleão I (imperador da França, Napoleão Bonaparte), de quem teve um filho, Napoleão II de França (rei de Roma, como herdeiro de Napoleão I, e imperador em 1815). O casamento, em 1817 no Rio de Janeiro, com D. Pedro, príncipe real do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves e duque de Bragança, resultou das negociações de D. João VI com uma das casas reais europeias vencedoras de Napoleão (derrotado em 1815).

D. Maria II (1819-1853, rainha de 1826 a 1853), nasceu e viveu no Brasil até 1831 (12 anos) e em Paris de 1831 a 1833 (chegou a Lisboa em Setembro de 1833), casou em 1835 com Augusto de Beauharnais, duque de Leuchtenberg (1810-1835), e em 1836 com Fernando de Saxe-Coburgo-Gotha (1816-1885), rei Fernando II em 1837, e foi sucedida pelo filho D. Pedro V (1837-1861, rei de 1853 a 1861); também casou por procuração (com 7 anos) em Outubro de 1826 com o tio, o infante D. Miguel (1802-1866, rei Miguel I, de 1828 a 1834), casamento, depois, declarado nulo.

D. Pedro IV (1798-1834, rei em 1826 e imperador do Brasil e, posteriormente, duque de Bragança), viúvo desde 1826, casou segunda vez em 1829 com D. Amélia de Leuchtenberg (1812-1873, saiu do Brasil em 1831 e estabeleceu-se em Portugal até morrer), segunda imperatriz do Brasil, duquesa de Bragança, de quem teve uma única filha:

  • D. Maria Amélia de Bragança (Paris, 1831 - Funchal, 1853, princesa do Brasil, noiva do arquiduque Maximiliano de Áustria, futuro imperador do México e irmão do imperador Francisco José I da Áustria)

Amélia de Leuchtenberg (1812-1873), casada com D. Pedro I, imperador do Brasil e D. Augusto de Beauharnais, duque de Leuchtenberg (1810-1835), casado em 1835 (morre apenas dois meses depois) com D. Maria II, rainha de Portugal, são filhos do 1.º duque de Leuchtenberg Eugénio de Beauharnais (filho da Imperatriz Josefina e filho adoptivo de Napoleão Bonaparte e seu Vice-Rei de Itália) e da princesa D. Augusta da Baviera (filha do rei Maximiliano I da Baviera) e primos de Napoleão III (presidente da Segunda República Francesa de 1848 a 1852, como Luís Napoleão Bonaparte, e imperador da França de 1852 a 1870).

D. Pedro (príncipe real e imperador do Brasil):
  • Infante de Portugal (n. 1798)
  • Príncipe da Beira (1801-16)
  • Príncipe Titular do Brasil (1816-22)
  • Príncipe Real do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves (1817-22)
  • Príncipe Regente do Brasil (1821-22)
  • D. Pedro I Imperador do Brasil (1822 [1825]-abd. 1831)
  • D. Pedro IV Rei de Portugal (1826-abd. 1826) [D. Pedro IV, Rei de Portugal e dos Algarves d’Aquém e d’Além-Mar em África, Senhor de Guiné, e da Conquista, da Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e da Índia, etc.]
  • D. Pedro, duque de Bragança (1831-34) [Sua Majestade Imperial e Real, o Duque de Bragança]

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Em Novembro de 1807 a Família Real Portuguesa (Príncipe-regente D. João, rainha D. Maria I, princesa D. Carlota Joaquina, infantes D. Maria Teresa, D. Maria Isabel, D. Maria Francisca de Assis, D. Isabel Maria, D. Miguel, D. Maria da Assunção e D. Ana de Jesus Maria e Príncipe da Beira D. Pedro) foge com a Corte (nobres, militares, religiosos e funcionários da Coroa) para o Brasil na sequência da Primeira Invasão Francesa, comandada pelo general Junot ao serviço do imperador Napoleão Bonaparte. Em Lisboa fica uma regência assegurada por cinco pessoas presidida pelo marquês de Abrantes.

Perante a posição indefinida de Portugal relativamente ao Bloqueio Continental, imposto pelo imperador Napoleão I da França em 1806, consistindo no encerramento dos portos de todos os países europeus ao comércio inglês, procurou Napoleão impô-lo à força, dando origem à Guerra Peninsular, de 1807 a 1814, com as Invasões Francesas (de 1807, 1809 e 1810).

Ausência da Família Real em Portugal de 1807 a 1821.

Em 1808, dá-se a chegada do primeiro monarca Europeu a terras americanas.

O Rio de Janeiro, capital da colónia, passa a ser a sede do governo português e a capital do Reino, com a presença do monarca.

Em Março de 1816 morre no Rio de Janeiro D. Maria I e é sucedida por D. João VI (aclamado rei do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves).

Em Abril de 1821 D. João VI parte do Brasil para regressar a Lisboa, pressionado pela revolução liberal portuguesa de 1820, e institui a regência no Brasil do príncipe Regente D. Pedro.

Em 7 de Setembro de 1822 foi proclamada pelo príncipe Regente (do Brasil) D. Pedro a independência do Brasil. Portugal só reconheceu a separação do Brasil (como Império independente, cuja soberania cabe a D. Pedro I, imperador do Brasil, reservando o título de imperador para D. João VI, com a anuência de D. Pedro) em 1825, passando D. João VI a partilhar com o filho o título de imperador do Brasil (D. Pedro não deixou de ser o legítimo herdeiro de D. João VI, este sempre esperançado no restabelecimento, senão do Reino Unido, pelo menos de uma união pessoal, a protagonizar pelo respectivo filho).

Em Abril de 1831 D. Pedro I do Brasil, após diversas revoltas e insurreições e conflitos entre os grupos políticos liberais e o governo, abdica em favor do filho Pedro de Alcântara, iniciando-se o Período Regencial (regência que se inicia em 1831, com a abdicação de Pedro I, até 1840, com o Golpe da Maioridade, na menoridade de D. Pedro II que, nascido em 1825, iria completar 5 anos de idade). D. Pedro, duque de Bragança, retira-se para a Europa, onde assume a liderança da luta para restaurar os direitos da filha, usurpados por D. Miguel. Segue-se uma série de disputas em Portugal e oferecimento dos tronos da Grécia e de Espanha (e imperador da Ibéria).

D. Maria II viveu em Paris entre 1831 e 1833. Após a conquista de Lisboa aos absolutistas, em Julho de 1833, D. Pedro, duque de Bragança, manda chamar a filha. Em Setembro de 1833 a rainha D. Maria II chega a Lisboa (pela primeira vez na vida no continente do país). A guerra civil, entre as tropas liberais e as tropas miguelistas, dura até Maio de 1834.

[Ver, também, rainha D. Maria II e os seus casamentos.]